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No Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, cientistas relatam experiências e relembram: “lugar de mulher é onde ela quiser!”

Publicado por: Campus Sorriso / 11 de Fevereiro de 2022 às 17:02

Nesta sexta-feira (11), é celebrado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015. A data provoca a reflexão sobre o ambiente e as oportunidades encontradas pelas mulheres nesse ramo que, segundo Relatório da Unesco, publicado em 2021, representavam naquele ano apenas um terço de todos os pesquisadores no mundo. Além disso, o relatório aponta que a disparidade na presença de mulheres cientistas em áreas como engenharia, ciências da computação e informática é ainda maior em segmentos de ponta, como o desenvolvimento de tecnologias relacionadas à inteligência artificial, por exemplo.

No Brasil, de acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2019, divulgados pelo Inep, as mulheres representavam 37,3% dos estudantes concluintes de cursos de graduação na área de engenharia, produção e construção, e apenas 13,6% na área de Computação e Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Por outro lado, o mesmo levantamento aponta que em áreas que geralmente tinham maior presença masculina, elas já ocupam as cadeiras das universidades em proporção similar aos homens, como acontece nas graduações de ciências naturais, matemática e estatística (54,1%) e de agricultura, silvicultura, pesca e veterinária (51,3%).

A técnica em tecnologia da informação Mônica da Silva escolheu construir uma carreira na área de informática há quase duas décadas: uma época em que a presença feminina era ainda menor nesse setor. “É uma área extremamente masculina. Eu já tive vários tipos de problemas… Eu poderia ficar uma semana dizendo coisas que eu já vi no meu trabalho, de gente que não quer ser atendida por mulher, por exemplo”. Agora cursando um doutorado em Informática e com uma sólida carreira em uma das mais importantes instituições educacionais do país, ela destaca que o ideal é deixar qualquer receio de lado e “fazer aquilo que você gosta. No final, quem vai ser feliz ou infeliz com essa decisão será você, e não os outros”.

Mônica estuda na Universidade Federal Fluminense (UFF) e trabalha no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, o IFMT. E é no IFMT que entrevistamos outras personagens que encontraram na ciência e na tecnologia a oportunidade para construir uma carreira. E, entre uma conversa e outra, alguns pontos se tornam recorrentes nessa jornada: o acesso ao ensino superior, ao fomento de pesquisas por meio de instituições como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o incentivo de outras mulheres, e o enfrentamento à barreira social que se projeta sobre o gênero feminino em uma sociedade que ainda precisa caminhar muito para encontrar um equilíbrio na acessibilidade entre homens e mulheres a determinadas posições e espaços.

A professora Vanessa C. S. Vieira, do IFMT Campus Sorriso, relata que, na concorrência por uma bolsa de iniciação científica na graduação, ela era a única mulher entre cinco candidatos, e isso pode trazer um fardo psicológico para outras mulheres em situação similar. “Eu era a única mulher no meio de meninos, um grupo que contava com dois orientadores homens, além dos estudantes. Então eu acabava tendo um pouco de vergonha de falar e ficava inibida no grupo”, comenta. Segundo ela, é uma restrição que acaba ficando impregnada na cultura de forma subconsciente e que precisa ser superada no dia-a-dia. Atualmente, a pesquisadora, que tem pós-doutorado em Genética Molecular e de Microorganismos, participa de grupos e discussões que promovem o empoderamento feminino dentro e fora das universidades.

A iniciação científica ainda no começo do curso de graduação também foi o ponto de partida para a carreira da professora Ana Paula Encide Olibone na pesquisa. Doutora em Agronomia e professora do IFMT Campus Sorriso desde 2013. Segundo ela, “no primeiro ano da graduação fui procurar uma professora para me orientar, e ela me apresentou projetos de iniciação científica. Meu primeiro contato com a ciência foi esse projeto, voltado para a área de solos. E aí eu comecei a fazer esse projeto, com fomento do CNPq... Durante os cinco anos de curso, junto com essa minha orientadora, nós aprovamos três projetos”. Hoje a prof. Ana Paula ajuda a formar novos agrônomos e agrônomas, e a pesquisa faz parte do seu dia-a-dia no IFMT. Nos três últimos anos, ela participou de sete pesquisas relacionadas com a produção de amendoim, gergelim, milho e café.

A doutora em Ecologia e Recursos Naturais Zaryf Araji Dahroug Pacheco, é outra professora de Sorriso que atua no IFMT. Sua carreira foi marcada pelo apoio direto de outra cientista: sua orientadora de graduação, a pesquisadora Edna Lopes Hardoim. “Minha orientadora sempre acreditou muito em mim, me ajudava em eventos científicos, me ajudava financeiramente, e isso fez toda a diferença na minha vida acadêmica”. “Infelizmente, em muitos países, o básico ainda é negado às mulheres, como o direito à educação, o direito de ir à escola, o direito de frequentar universidades, aumentando ainda mais essa desigualdade de gênero. A gente têm uma força e uma capacidade e inteligência inigualáveis, e, por isso, lugar de mulher é na ciência, lugar de mulher é onde ela quiser!”, acrescenta.

O IFMT faz parte de uma rede de instituições de ensino públicas com mais de um século de atividade no Brasil. Os Institutos Federais conduzem Ensino, Pesquisa e Extensão de forma indissociável em seus cursos. “A nossa instituição faz com que conquistemos cada vez mais espaços, cada vez mais papéis na ciência, e isso é bastante importante”, comenta a professora Liandra Cristine Bello Grosz, mestre em Ciências da Saúde. Ela lembra que ao longo da história várias mulheres ganharam notoriedade internacional devido às suas contribuições para a ciência, mas que há muito a se conquistar nesse setor. e que, aos poucos, as mulheres estão alcançando o espaço merecido. “Esperar por resultados que nem sempre são satisfatórios faz parte da pesquisa”, brinca.

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