Quando uma indústria vai definir a embalagem de um produto alimentício, essa decisão envolve muito mais que o nome do produto e a identidade visual do rótulo. Cada tipo de embalagem e cada material utilizado para produzí-la tem vantagens e desvantagens em relação à proteção contra intempéries, facilidade de manuseio, custo de produção e como acontece a interação entre o alimento e a embalagem, até porque, no final das contas, você não vai querer tomar um suco com gosto de papelão ou encontrar pedaços de plástico no molho de tomate.
Uma pesquisa liderada por uma professora do IFMT Campus Sorriso investigou o uso de extrato de pimenta-do-reino e de piperina – um composto bioativo encontrado na pimenta preta – na produção de filmes ativos utilizados em embalagens. O trabalho é inovador em sua área por utilizar CO2 supercrítico no processo, que é uma forma do gás-carbônico que só é alcançada com equipamentos de alta pressão.
“Nossa pesquisa conseguiu produzir um novo tipo de filme em que foi possível impregnar tanto o composto puro (piperina), quanto o extrato da pimenta-do-reino usando altas pressões sem danificar a estrutura do filme”, comenta a Dra. Gricielle Sutil. De acordo com ela, o material desenvolvido é uma opção de um filme biodegradável, obtido de fontes renováveis com características antioxidantes ideais para o emprego em embalagens de carnes, laticínios, nozes e alimentos gordurosos.
Além da professora Gricielle, o trabalho envolveu os pesquisadores Kátia S. Andrade, Evertan A. Rebelatto e Marcelo Lanza. A pesquisa foi publicada no “The Journal of Supercritical Fluids” e abre caminhos para outros estudos que envolvem o uso de biopolímeros e agentes ativos naturais para a produção de embalagens de alimentos. Confira a publicação no link: https://authors.elsevier.com/c/1k2N-3BwpfEtxE
