Seguindo uma agenda de visitas aos estados brasileiros de Mato Grosso e Tocantins para estudar a forma como ocorre o tráfico de animais silvestres no país, o pesquisador dos Estados Unidos Egan Green, criminalista ambiental da Faculdade de Ciências Humanas e Comportamentais da Universidade da Virgínia, visitou, na terça-feira (28), a Reitoria do IFMT, e conversou com o reitor Willian Silva de Paula, sobre o seu trabalho na área ambiental e o desenvolvido pela instituição brasileira.
“A vinda de um pesquisador é sempre uma forma de estreitamento de laços institucionais e abre caminhos para parcerias futuras nas áreas de ensino, pesquisa e extensão”, enfatizou o reitor.
Ainda na Reitoria, depois da conversa com o reitor, o professor americano se reuniu com representantes de entidades ambientais como o Ibama, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA) e obteve um panorama da realidade enfrentada no combate ao tráfico em Mato Grosso e como ela se contrasta com a americana.
“Ele conheceu um pouco a atuação dos órgãos de combate aos crimes ambientais aqui no estado e, nos próximos dias, verá também o trabalho na área ambiental em Sorriso, onde estamos desenvolvendo um projeto de reabilitação de animais em parceria com a Sema” destacou Willian.
Egan, que cresceu em uma região de rica vida selvagem, desfrutando de um contato estreito com a natureza, e tendo sido influenciado por essa relação na escolha da carreira futura, trouxe aos colegas brasileiros um relato de sua experiência pessoal e profissional. Em sua opinião é importante que as pessoas possam conhecer a natureza e os crimes ambientais e um bom caminho para isso passa pela educação ambiental.
“A maioria das pessoas ignora o meio ambiente e os crimes ambientais. Mas quando informamos e denunciamos elas se importam. Daí a necessidade de espalhar as informações ao redor do mundo”, opina o pesquisador, que escolheu o Brasil para realizar sua pesquisa pela existência de um imenso número de pássaros e um grande volume de tráfico de aves, realidade bem diferente da americana.
A rota do tráfico internacional de animais, ele conta, está se deslocando da África para o Brasil, pela grande oferta de animais silvestres no país.
Para o pesquisador os efeitos do tráfico na vida dos animais, que são retirados da natureza, chegam debilitados aos locais de reabilitação e ainda necessitam de reabilitação para voltar a ter condições de sobrevivência em seus habitats naturais, já seriam razões suficientes para intensificar as ações de combate a esse crime.
“Mas esses efeitos ainda ultrapassam a fronteira animal e chegam até nós, humanos. Quando, por exemplo, uma população de animais trazidos ilegalmente para um local cresce descontroladamente isso põe em risco a segurança humana,” alertou.
Um outro caminho de atuação, na avaliação do pesquisador, passa pelo incentivo ao ecoturismo. “Isso ocorre com muito sucesso nos Estados Unidos e também há exemplos exitosos em países pobres da África. É a concretização da ideia simples de gerar renda às áreas ao redor do mundo pobres financeiramente mas ricas em belezas naturais ao trazer as pessoas para ver de perto a vida selvagem ao invés de perdê-la”, defendeu.
Além de reunião e da palestra em Cuiabá, o pesquisador permanece em Mato Grosso até o dia 5 de dezembro, visitando o Pantanal, na companhia de alunos do IFMT, a Chapada dos Guimarães e o município de Sorriso, no norte do estado.