Nesse momento de pandemia da COVID-19 que está ocorrendo em todo país e no mundo, o Instituto Federal de Mato Grosso suspendeu as aulas presenciais nos seus 19 campi. Para assegurar o direito à educação está disponibilizando aos estudantes atividades acadêmicas pelo Regime de Exercício Domiciliar (RED), que são desenvolvidas em domicílio. O RED pode ser executado mediado por tecnologias ou por meio de materiais tradicionais, digitais ou impressos.
A Assessoria de Comunicação da Reitoria do IFMT entrevistou os diretores-gerais dos Campi Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva, Várzea Grande, Campo Novo do Parecis e Rondonópolis para saber como está a implementação do RED em suas unidades. Confira abaixo as entrevistas:
Campus Cuiabá – Cel. Octayde Jorge da Silva
O diretor-geral, Cristovam Albano da Silva Júnior falou que em sua unidade o RED é uma realidade e que hoje cerca de 45 a 50% das turmas em atendimento. Ele falou que tem outro percentual de professores que estão fazendo os seus planejamentos para o início da implantação.
“Todavia, temos alguns que já sinalizaram que neste momento não vão implantar, por inúmeras situações. Desde pessoais, de doença na família, entre outros. Mas estamos prospectando aqueles que estão com dificuldade de ordem tecnologia. Nós estávamos com a situação de um professor que estava sem computador em casa, tínhamos professor que não tinha acesso a uma internet de qualidade que permitisse a ele fazer vídeo-chamada. Toda essa diversidade de situação nós temos vivido no campus Cuiabá – Octayde”, destaca.
Cristovam Albano salienta que o Campus Cuiabá possui uma diversidade pelo quantitativo de alunos, cursos e modalidades. “Nós falamos em cerca de 3,5 mil alunos presenciais frequentes dentro dos cursos de ensino médio, superior, subsequente e FICs. Possuímos uma diversidade de modalidades, o que dificulta também porque às vezes um modelo de RED para uma turma é diferente para outra. Em determinadas situações consegue fazer a aplicação do RED de projetos integradores e em outras situações não. É uma diversidade muito grande que estamos tendo que atravessar esse momento, mas também está sendo um momento muito rico porque nós temos professores que estão aprendendo a lidar com ferramentas que antes somente aqueles que se aventuravam na educação a distância estavam acostumados, como por exemplo, vídeo chamadas”.
Ele explica que a gravação de aulas não é uma coisa fácil, a pessoa acha que é tranquilo, mas não é assim. “Quando a pessoa se vê na frente de uma câmera, mesmo que seja de celular gravando, ocorre uma dificuldade. Está sendo enriquecedor porque os nossos servidores estão enfrentando esse desafio. Estou vendo o empenho dos servidores se desdobrando, dos nossos coordenadores de curso em buscar, junto aos colegas a motivação para vir a esse desafio, e conhecer a realidade de cada um. A gente tem uma realidade de 60% da oferta de vagas com estudantes com perfil de baixa renda. E isso torna um desafio também e buscando soluções à medida que os problemas vão sendo equacionados”.
Sobre os estudantes em situação socioeconômica de vulnerabilidade, Cristovam Albano contou que lançaram um edital de bolsa-alimentação para auxílio emergencial nesse período de pandemia.
“São famílias de baixa renda que inclusive perderam a pouca opção que tinham de fomentar o orçamento familiar e a gente está tentando ajudá-los. Estamos também fazendo um levantamento um pouco mais complexo acerca da contratação de um link de internet ou de material de informática, seja tablet ou computador, para que possamos atender essa demanda de implantação do RED com o intuito de buscar uma contratação via campus, ou do próprio orçamento de custeio essa aquisição aos alunos ou também buscar parcerias com empresas, principalmente com aquelas que temos relacionamento do arranjo produtivo local que desenvolvemos pesquisa e trabalho de extensão de forma conjunta para que a gente possa atender esses alunos”, explica.
O diretor do Campus Cuiabá explica que para atender esses alunos com tecnologia, vai demandar aproximamente 350 a 400 alunos que é o quantitativo de alunos de alguns campi como Lucas do Rio Verde e Guarantã do Norte. “É um universo bem complexo, a diferença da implantação do RED no IFMT”, finalizou Albano.
Campus Várzea Grande
A diretora-geral do Campus Várzea Grande, Sandra Maria de Lima iniciou o projeto integrador que é uma ferramenta de implantação do Regime de Exercício Domiciliar. A ideia do projeto integrador, segundo Sandra de Lima, é um projeto de ensino que através de um tema único, encaixam todo o conteúdo das disciplinas, da matriz curricular de um dado semestre e de um curso.
“Os professores propõem os conteúdos que eles precisam trabalhar, e trabalhariam de forma presencial. A partir daquela gama de conteúdo eles se reúnem e definem um tema único para trabalhar. Eles produzem textos, dão sugestão de leitura, roteiro de estudos. O aluno terá que produzir o material, normalmente um texto também. Dessa forma, a partir de um único tema se integram todas as disciplinas”, explica a diretora-geral Sandra de Lima.
No site do projeto integrador, que está disponível no site do campus, o estudante tem acesso as disciplinas que estão sendo trabalhadas, qual conteúdo e qual o tema estão trabalhando. Ele começou com 15 dias e depois foi feito um reajuste para 21 dias.
“A cada 21 dias nós entregamos para os alunos, um novo projeto, às vezes o tema se repete porque percebe-se que não foi esgotado o assunto. Normalmente o professor propõe atividades que correspondam a carga horária que ele teria nesses 21 dias. Nós usamos o site google para colocar todo esse material, não tínhamos disponibilidade no nosso servidor, com a plataforma modle. Foi uma sugestão da nossa TI. Os professores também enviam áudios para os alunos e também marcam encontros, através do google met com os alunos, porém isso não está sendo a forma principal de ensinar e transmitir as informações, porque os nossos alunos não tem uma conectividade que daria conta, de por exemplo, todos os dias de duas a três horas de aula por dia, por isso resolvemos trabalhar com esse modelo, que são praticamente arquivos de texto com poucas figuras que consomem poucos dados”.
Em relação aos editais para poder fazer acontecer o RED, o Campus Várzea Grande lançou três editais, sendo um deles para acesso digital que dá um apoio mensal para o aluno abastecer o seu celular com dados e ter conectividade.
“Nós fizemos uma pesquisa e descobrimos que apenas 14 alunos de todo o campus não tinham condições de conectividade. Lançamos 80 bolsas de R$ 45,00 para isso. Muito embora essa conectividade seja restrita. Agora estamos fazendo um outro levantamento para saber o que o aluno possui. É celular, é tablet, é notebook ou computador?”, conta Sandra.
Outro edital é de tutores, que são o elo entre os alunos e o conjunto de professores que estão propondo o projeto integrador. Na realidade cada turma tem um tutor, esse tutor recebe uma bolsa de R$ 200,00 por mês. O tutor conversa muito com o grupo de professores do grupo, cada turma tem um professor responsável. Então ele serve como um mediador entre essas pessoas.
Outro edital é o de auxílio alimentação para o COVID, mantivemos os outros auxílios e bolsas. Mantivemos o edital de esporte e cultura porque estamos desenvolvendo mesmo à distância com os alunos.
“É interessante ressaltar que todos esses recursos que estamos utilizando não precisamos pedir nenhum reforço no orçamento porque estamos deixando de realizar algumas coisas, como por exemplo, visitas técnicas. Esses auxílios são da assistência estudantil que o campus já tinha que foi remanejado para esses editais”, diz Sandra de Lima.
A diretora-geral reforçou também que 100% dos alunos do ensino médio e ensino superior estão fazendo o RED, e aqueles que não conseguem mesmo com o auxílio estudantil, não conseguem ter acesso aos projetos o campus está imprimindo o material.
“Eles agendam um horário e vão buscar o projeto integrador no campus e vão resolver em casa. Caso eles não tenham como ir até o campus, nós levamos o material escolar até a casa deles. É uma forma dos nossos estudantes não ficarem expostos a esse vírus no transporte público. Esse nosso projeto está idêntico a uma revolução educacional que ocorre na Finlândia. Lá eles aboliram as disciplinas e só trabalham com projetos integradores. É muito parecido ao que estamos fazendo em Várzea Grande”, finalizou Sandra.
Campus Rondonópolis
A diretora-geral do Campus Rondonópolis, Laura Caroline Aoyama Barbosa, contou que RED começou a funcionar em seu campus no dia 18 de maio. Lá eles estão trabalhando com ciclos e blocos de disciplinas dentro dos ciclos.
“No dia 15 de junho, iniciamos o segundo ciclo do RED e estamos trabalhado com a plataforma modle e outros suportes metodológicos, como por exemplo, vídeos gravados. Cada docente prevê em seu plano de trabalho a metodologia mais apropriada. Porém todas as atividades tem ficado gravada ou registrada para que o estudante possa acessar a qualquer tempo. Além disso, contamos com o acompanhamento e o apoio dos coordenadores de curso e da equipe pisco-pedagógica”.
Em relação aos auxílios, o campus conseguiu junto a Procuradoria Federal Especializada junto ao IFMT o pagamento de todos os estudantes que comprovaram a situação de vulnerabilidade social nos editais de assistência estudantil.
“Hoje estamos contemplando 100% dos alunos em situação de vulnerabilidade social, classificados nos nossos editais de auxílio alimentação. Na semana passada lançamos a lista convocatória dos excedentes. Possuímos 190 alunos em situação de vulnerabilidade social contemplados com assistência estudantil com bolsa alimentação. Conseguimos pagar os excedentes também”.
Ela destacou que foi uma ação emergencial para contemplar esses alunos. Além disso, a comissão de assistência estudantil está fazendo o monitoramento de outros alunos que porventura tenham entrado em situação de vulnerabilidade social por conta da pandemia. Com esta medida, iremos verificar a possibilidade de outros editais ou pagamento de auxílios emergenciais, conforme está previsto no regulamento de assistência estudantil.
Ela falou ainda que o campus está adquirindo materiais prevenção, para um possível retorno dos alunos quando ocorrer. “Vamos continuar que ter os cuidados com a segurança sanitária. A aquisição de máscaras, o próprio álcool gel, materiais de higiene para assepsia das salas e dos espaços. A gente está também fazendo essas aquisições para assegurar a segurança da nossa comunidade”.
Ela ressalta que estamos num momento atípico e os cursos foram concebidos para serem feitos presencialmente, mas diante da situação que estamos vivendo da pandemia e da impossibilidade de termos aglomeração, a escola é um lugar que não tem como não ter aglomeração, nas salas de aula, nos corredores e nos intervalos.
“O RED hoje é o nosso mecanismo para garantir o ano letivo dos nossos alunos e a gente tem se esforçado. Os professores, principalmente para ofertar da melhor forma possível as atividades. Estamos com um levantamento dos alunos que tiveram dificuldades de acesso no primeiro ciclo para a gente atuar junto deles para fazer a recuperação desses conteúdos”, falou a diretora-geral.
Laura Aoyama disse ainda que o campus irá dar uma parada no RED, a partir do dia 13 de julho, que era o período de férias regulares do campus e retoma no dia 27 de julho. As atividades presenciais no campus estão interrompidas neste momento, por conta do avanço da COVID-19 no município de Rondonópolis.
Campus Campo Novo do Parecis
O diretor-geral do Campus Campo Novo do Parecis, Fabio Luis Bezerra, destacou que o Regime de Exercício Domiciliar (RED) está sendo realizado para todos os cursos técnicos integrados e superiores.
“Nós estamos no nosso segundo período de RED. Iniciamos no dia 11 de maio e estamos no segundo período que vai para os cursos superiores até o dia 31 de julho. E para os cursos técnicos integrados até o dia 10 de agosto. Demos bastante prazo para os professores estarem trabalhando. Praticamente todas as disciplinas estão acontecendo em RED, só não as técnicas que dependem de atividade de campo ou laboratório que não estão acontecendo”, explicou o diretor-geral.
Com relação aos editais de auxílio, o Campus Campo Novo do Parecis, fez um edital com recursos do PNAE que forneceu a cesta básica de alimentos aos estudantes dos cursos técnicos integrados.
Para os estudantes que moram na cidade foi fornecida a cesta básica mesmo, levando na casa deles. Já para aqueles (internos do campus) que moram em outras localidades, devido a questão de logística para levar os alimentos para a casa deles foi feito o cálculo do valor da cesta básica que foi distribuída aqui na cidade e foi feito o repasse do valor em conta do estudante. Para que eles possam fazer a aquisição dos alimentos de onde eles residem.
Fabio Luis Bezerra salientou ainda que foram feitos alguns editais de auxílios emergenciais para o período que estiver ocorrendo a COVID-19, como por exemplo, auxílio de residência, internet e alimentação, que são auxílios para os estudantes em situação de vulnerabilidade. “Por conta da pandemia, os recursos que eram do auxílio transporte foram transferidos para auxílio moradia e internet”, explica o diretor-geral do Campus Campo Novo do Parecis.
Campus Primavera do Leste
O diretor-geral do Campus Primavera do Leste, Dimorvan Alencar Brescancim, contou que no dia 27 a 29 de abril, a direção se reuniu com os professores do campus com decisão unânime pela adesão do Regime de Exercício Disciplinar (RED).
“Na primeira semana de maio, já estávamos trabalhando. Hoje estamos na 11ª semana de atividades. Todas as turmas e todos os cursos estão trabalhando pela RED e tendo aulas remotas. Nós fizemos uma avaliação com os pais e com os alunos. Eles foram unânimes em pedir a continuidade desse trabalho, porque consideram muito importante continuar estudando de forma remota para que possa se dar continuidade aos conteúdos e programas de ensino”, salienta Dimorvan.
Sobre os editais, o diretor-geral falou que foram lançados três editais, um de alimentação com 149 alunos contemplados que recebem R$ 140,00 por mês, outro edital de auxílio internet com 89 alunos contemplados recebendo R$ 100,00 por mês e um edital de moradia com 10 alunos contemplados recebendo R$ 200,00 por mês.
Além disso, o campus fez uma cessão de uso de computadores, todos autorizados pela Procuradoria Federal junto ao IFMT. “Hoje temos 45 computadores cedidos. Então, os alunos que não tinham acesso à internet, eles receberam esse equipamento para poder acessar às aulas e assim estamos atendendo todos os nossos alunos que querem participar das aulas remotas”, disse Dimorvan.
O diretor-geral falou ainda que na semana passada fez uma notificação a todos os pais e alunos que não estavam participando por uma causa ou outra das aulas remotas, para justamente alertar os pais cujos filhos não estão entregando as atividades ou não estão participando.
“É preciso que famílias acompanhem seus filhos e tenham suas responsabilidades junto à instituição. Porque a escola está trabalhando com atividades remotas a distância. É importantíssimo que as famílias recebam essa notificação e possam cobrar seus filhos e lá na frente não se insurgirem contra a instituição porque estavam desinformados ou coisa parecida. Já estamos chegando na última semana antes das férias e avaliamos que a nossa ação em Primavera do Leste está indo muito bem com a participação de todos os professores e de todos os alunos, sendo quatro cursos técnicos e três cursos superiores”, finalizou Dimorvan Brescancim.