Uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agroenergia em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) teve seus dados finais apresentados durante um evento realizado no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFMT) Campus Sorriso na última semana. O estudo apurou a quantidade de biomassa produzida no município de Sorriso-MT. As informações podem subsidiar a tomada de decisão de investidores interessados no aproveitamento de subprodutos da produção local para a criação de bioprodutos e/ou produção de energia limpa. O levantamento contou com o apoio de estudantes do IFMT, instituição que tem acompanhado o trabalho desde a apresentação pública da proposta, realizada em 2017.
“O Brasil, no mundo inteiro, é o país que tem a melhor condição para desenvolver a bioeconomia [...] nós somos hoje, um grande exportador de grãos, ou seja, de matéria-prima primária. Porque não agregar valor à essa matéria-prima? Porque não gerar emprego com essa matéria-prima? Porque não gerar inclusão social, renda, desenvolvimento... a agroindustrialização?”, questiona o pesquisador Bruno Laviola, da Embrapa, ao apresentar alguns fatores que motivaram a pesquisa.
A apresentação dos dados foi acompanhada por uma palestra do especialista na Produção de Etanol de Cereais, Adriano Luís Soriano, que teve como foco as oportunidades e desafios relacionados à cadeia produtiva do etanol de milho. O tema vem ao encontro de investimentos recentes no município de Sorriso – um deles, a construção de uma usina com capacidade de produzir até 530 milhões de litros de etanol anualmente, e que deve aumentar de forma exponencial, o volume de biomassa disponível, resultante do processamento do milho.
Os resultados do levantamento da biomassa revelam oportunidades para pesquisas voltadas ao desenvolvimento de produtos que utilizam essa biomassa como matéria-prima. “Durante a fase de diagnóstico e visitas a campo, nós visitamos vários exemplos de cadeias. Visitamos o pessoal do milho, do peixe, da soja, do algodão, do arroz, etc. Para cada um deles, eu poderia destacar pelo menos três ou quatro oportunidades”, comenta o analista de Produtividade e Inovação da ABDI, Antônio Tafuri, dando como exemplo a possibilidade de pesquisas para produtos farmacêuticos que utilizam subprodutos do processamento de peixes – outra cadeia produtiva muito forte no município.
Compilados, os dados da pesquisa integram o “Sistema de inteligência e gestão de biomassas, resíduos e efluentes para uso energético e agroindustrial no Brasil”, disponível para acesso de investidores, pesquisadores e da população em geral. As informações podem ser visualizadas no endereço eletrônico “bioeconomia.abdi.com.br”.